quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Onde será?


...debruço mais uma vez na janela do querer e olho para você, querendo ser aceita com carinho. Querendo conquistar esse palmo que falta entre a razão e a fantasia.
Tenho me feito de poeta, colecionadora de palavras, pelo tanto que tenho guardado. Somado doces lembranças.
Ando leve para que me descubra diante da surpresa...para que sinta a minha falta.
Aqui da janela do querer, vejo a vida com expectativa e calma. Já não sei mais ver o dia sem ansiedade, sem vontade e sem verdume.
Mesmo com essa primavera que vegeta insone, esperamos ver flores, mistura de verde e poesia. Coisas nascidas da alma ou da calma que a demora impõe.
Aqui da minha janela respiro toda a minha resistência em viver. Prova que tenho que sobreviver, ocupando-me do que me é querido e importante.
Talvez nem seja preciso empunhar bandeiras, conquistar fronteiras. Já tive mares para nunca navegar, tive um céu inteirinho para nunca voar, verdes que nunca colhi, choros inúmeros que nunca revelei.
Pra você guardo sempre meus risos e sonhos, meus contos e cantos, pouco importa se o tempo continua a me oferecer resistências...pouco importa.
O que é bom guardo. Faz parte de mim como pele, pensamento.
Aqui sei que o olhar não alcança pelo limite denso, mas basta querer, basta sonhar para ter ali.
Hoje desenhei na cabeça coisas que planejei em festa. Para onde baterão as asas azuis desse meu sonho? Rumo a sua janela, talvez.
Se houvesse um gêmeo querer e se você pudesse reconhecer no meu querer o querer que te assusta.
Onde estaria? Como seria? Já envelhecemos tanto, e o tempo?
Onde será que pude perder a brancura da sua pele, onde será?

domingo, 8 de novembro de 2009

Seus olhos


Doce olhar o seu
que me acorrenta na correnteza dos sonhos.
Se pergunto,
Eles me respondem a rir,
por todos os meus elos com a vida.
Se canto,
eles me sondam por dentro,
como doença.
Doce olhar o seu
que me vegeta de jardins.
Se sofro,
eles me amparam maciamente.
Se calo,
eles me libertam de histórias antigas
que não desejo mais contar.
Se brinco,
eles vão rápido a minha frente,
preparando a estrada com flores e relva.
Doce olhar o seu
Olhar que hospedo em mim.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quando...


Quando eu estiver antiga, repleta de muito conhecer e acreditar...quando meu paladar já não sentir o gosto bom da vida. Quando for futuro. Futuro de mim e de tudo que sou...quando eu estiver antiga, tão antiga e a saudade me encher de um veludo igualmente antigo, partirei para a minha estrela querida.
A minha estrela é um lugar de silêncio, não é necessário falar. Lá sabem, por amor ou instinto o que a palavra faz quando soa. Lá a semeadura das flores é o vento que faz, os homens são fartos de pão e de sonho e não há dor alguma...o dar e o receber é espontâneo.
No meu mundo o clima é ameno, embora faça um outro sol. A lua é sempre cheia, redonda e próxima.
Quando a saudade é muita e vem doer meu peito criança demais para entender certas coisas, desejo ganhar tempo e partir. Quando vejo crianças, campos floridos de margaridas e ouço principalmente música, a saudade vem fina, lança que é, entra em mim.
Então eu me perco em pensamentos tecidos de espumas e vejo a luz úmida que brilha em seus olhos, quando tenho minhas mão no morno das suas, me vem um medo enorme de partir...coisa que sei, inevitavelmente acontecerá, quando tudo em mim for antigo. Então abrirei meu voo e partirei já sentindo saudade.
Levantarei minhas asas invisíveis, guardarei meu coração num canto, bem próximo do alcance de suas mãos. Deixarei por aqui minha varanda, o vento, os meus sonhos e a doçura fina e morna do seu jeito de menino que me cativou para sempre e me fez cativa por este longo tempo.
Para chegar a minha estrela não é preciso naves, espaçonaves ou força. Basta conhecer o segredo do caminho e de tão antigo ser verdadeiramente novo...e permanecer encasulado no espaço que o amor se oferece entre o ter e o doar. É aí que a disponibilidade se abre porque existe o direito e a vontade de viver eternamente.