quarta-feira, 8 de setembro de 2010

                                                                ERA UMA VEZ...

Era uma vez eu e você. Você que sabe tão pouco de mim, que conhece apenas o que viu sem mistérios, porque enxergar de outra forma é para quem sabe percorrer sem pressa as infinitas colinas do querer. Sem cansaço, sem esforço...apenas com asas ou nadadeiras de inteira transparência e um coração solto. Levemente solto ao sonho.
Mas, era uma vez eu e você. Casulo de seda que foi desvendando a possível borboleta do querer.
Você e uma difícil distância onde se ditava sentimentos tão opostos.Luminosidade e ofuscância. Sonho e realidade. Arco-íris e treva...Chão firme e a tentação do abismo.
Era uma vez eu e você...que por um tempo qualquer caminhamos juntos pelo mesmo caminho de doçura e amargor e, que sem motivos resolvemos desconstruir uma história que poderia ser linda: bastava apenas dar tempo para que a menina que vivia em mim pudesse crescer e se tornar mulher.
O meu caminho foi de volta mas o se, o seu foi avante, como vão todos os caminhos dos meninos medrosos que precisam correr para longe de tudo aquilo que lhe retira o ar, ceifa a alma e faz o coração bater descompassado. E assim você preferiu o chão firme ao abismo, era jovem demais para conter ou entender seu medo,ou velho demais para não suportar novos riscos. Nem mesmo permitiu que a borboleta rompesse o casulo para expor as cores de suas asas que ainda não sabiam voar... nem era primavera!
Voltar traz sabedoria, voltar traz inclusive, a certeza que mesmo voltando se está para sempre ligado a tudo que se foi. Tudo que foi é parte viva de você. E esse tudo estará para sempre ali, cristalizado, refletindo nosso arco-íris por sobre o abismo.Nem é preciso estender as mãos, o coração desenrola o novelo de nossas vidas... e sabe que tocar é superficial e frágil quando temos tudo por inteiro, denso, forte.
Voltando vi no meio da praça um chafariz seco. O que estaria fazendo ali um chafariz vazio de água?
Não sei, não sei. A nossa história não terminou como as outras. Ela continua nas páginas de um livro que nunca se fechou. Aberto espera por um final que possa merecer uma história que apenas começou com todos seus segredos e beleza...mas o chafariz, ah, o chafariz! Haveria de ser lindo jorrando água e melodia na melodia da noite!

domingo, 15 de agosto de 2010

O tempo passa...nada mais podemos fazer naquela estrada que um dia foi nosso caminho. Não adianta semear flores ou retirar pedras, não adianta.
Perdida ficará na curva do ontem com todos os nossos passos silenciados, ficará estática entre montanhas e rios, entre o céu e a relva.
O tempo passa...construtores que somos vamos construindo nossas pontes que nos ligam a outras estradas. Umas nos conduzem ao pântano das ilusões e outras à brancura de uma praia com um mar inesquecível.
É impossível retornar, há só um sentido por onde a vida trafega. O jeito é ir.
Com ou sem valentia, com ou sem medo, com ou sem felicidade...estrada rolante, incessante, não pára e nem nos deixa parar.
Por isso olho seus olhos com o mesmo carinho do primeiro momento,beijo suas mãos que me poem flores nos cabelos. Por isso beijo sua boca de olhos fechados para reter na retina o caleidoscópio dos meus sentimentos a brilhar nos seus prismas e vértices.
O tempo passa... ao seu lado não sinto vontade de retomar, o caminho de volta já não é necessario. Solta sei bem que há alegria em caminhar. Ao seu lado não tenho medo algum e nem saudade, só uma necessidade de caminhar sem pressa, colhendo as experiências bonitas que juntos vamos buscando.
O tempo passa e olho para vc, sentindo falta do tempo que já éramos um do outro... quando, como meninos, brincávamos de amor eterno e íamos buscar a chuva que chovia atrás da colina ou a travessia na balsa dos sonhos...mas isso, isso ficou na última curva...e não volta mais.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O luar no azul,
teu olhar no luar
Chuva de estrelas,
e ao sentí-la, meu corpo nu
constela-se.
E dentro dos meus olhos
campos de violetas
descem em cascatas
do azul para o azu
l.
Sonhos azuis,
luz orvalhada,
neblina na serra...
e sua mão, ave emplumada
alça um voo de singular azul
que me leva ao céu,
caminho em luar..
flutuo mansa dentro do mar...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Incertezas


Quando pensamos que com a idade madura nosso coração já sabe todos os fluxos do amor...pensamos e acreditamos. Melhor assim. Essa imunidade nos garante um alívio, como se tivéssemos livres de algo inevitável.
Quem me olha assim não sabe e pensa que já criei resistência às coisas que a vida oferece, tece a renda dos enganos...nada sei, nada aprendi.
Ainda tenho medo da morte, ou melhor, ainda tenho medo de viver outra vida que não seja essa que vivo a viver... partir como nave sem destino, rapidamente. Fico amedrontada com essa sensação de desprendimento, de rapto, de queda inevitável, interminável e vertical, como se fosse pássaro abatido quando ainda era preciso voar, voar..Tenho alguns apegos, que tolos, bordam o colorido da minha simples vida. São doçuras que meu coração precisa sentir, e isso para se ter é preciso amar demais a vida...coisas simples...madrugada com lua, sol no horizonte, a ponte do arco-íris, estrelas e beijos colhidos no céu da boca, vestido antigo e fotos igualmente antigas, canto de passarinho na janela anunciando que meu pai vive também fora da minha saudade.Outras coisas mais amadas ainda como reconhecer na neta o mesmo hálito doce do filho querido, os mesmos olhos amorosos que me olhavam no passado e me fazia menina a brincar no tapete, a mesma mão que acarinha desenhando golfinhos e conchas, violetas e prímulas entre meu ombro e o coração.O verdume dos olhos de minha mãe, a chuva que salpica o jardim num spray de esperança, o caminho de volta pra casa, que é sempre o melhor caminho. Quando pensamos que já sabemos tudo vem uma perturbadora vontade de saber mais, de criar atalhos entre o que foi e o que será, tudo porque um coração maduro é capaz de perdoar coisas que jamais poderíamos admitir, é capaz de retirar do peito todas as espadas e confiar na meiguice de um único olhar, é capaz de costurar feridas que nunca cicatrizaram para que não haja mais lembranças difíceis...um coração assim como meu, precisa ter mais espaço para tudo que foi lindo, por isso inevitavelmente depois de tantos anos não poderia guardar pedras em lugar de musgos azuis. Penso que tenho que resolver situações que pensei estarem resolvidas, penso que já é tempo de solucionar sonhos...ando tão frágil e estranha...mas ainda tenho minhas mãos atadas. Sinto ser necessário fazer alguma coisa para que meu coração se alivie e acredite que, cerquei palmo a palmo todas as incertezas, que revirei as terras das floreiras e plantei novamente margaridas para a próxima primavera, que ouvi as músicas que me põem saudades no peito com o fino propósito de testar o quanto sou ainda capaz de te querer, que pude aprender e reaprender a me reconstruir... que não estive aqui a olhar tudo como se fosse óbvio cada detalhe. Não! Eu quis viver... Oras, não me perturba tanto o barulho, como me perturba o silêncio. Esse silêncio que antecede os acontecimentos. Como ele é comprido e costura o meu peito com grossas linhas escuras. Como ele pesa e me sufoca. Mas eu estava dizendo que ainda tenho medo da morte...será?

Vontade de ser feliz


Acho que sempre serei essa colecionadora de bons momentos. Apenas isso, bons e inesquecíveis momentos. Aliás a vida seria vida se de outra forma?...e no quadro de vidro guardamos com saudades as asas desta borboleta que já não voa, mas que linda só por estar ali. Igual perfeição e cor, na fina película do querer. No meu quadro também guardo o azul aveludado das asas dos bons momentos. Guardo você, mistura de arco-íris e mar. Doçura e carinho. Não posso dizer que este é o meu melhor momento, pois depois de muito aprender descobri que o bom momento é justo aquele que se segue ao descobrimento. É aquele instante que somos tão somente aquilo que queremos ser e os sonhos que queremos ter. Este momento talvez inexista...éramos tão meninos e nada sabíamos da grandeza do tempo e da profundidade da dor. Mas houve prazer, estrelas palatinas, sois inundando de luz o lado de dentro do meu coração imaturo, inseguro e criança. O que dizer dos momentos seguintes? Dormência, mudez, pura necessidade de existir. Inevitável existir nas asas das borboletas do quadro transparente. Colecionar o passado é bom. Borboleta multicolor e felicidade. Infinito e belo instante, na transparência do vidro. E te olho como quem te vê por detrás dos óculos e não percebe quanto tempo passou. Beleza explícita, espetáculo que o amor produz na alma. No começo desta semana andei descalça. Sentinela que sou, vi tudo... vi e por isso te guardo como amor puro e denso que me é. Porque te dei o peito aberto e boas vindas e as cortinas transparentes dos meus olhos se arredaram para me mostrar a beleza de uma paisagem única e por isso mesmo a mais bela. Hoje te fecho momento e te aprisiono fora e dentro de mim. Macio-macio, porta-jóias, caixinha de música e fina vontade de ser feliz.

sábado, 5 de junho de 2010


Os sonhos rolam
como folhas secas de outono...
e vem alimentar inquietudes
e vem desconfigurar meus planos.
Os sonhos tal qual folhas soltas
já não vivem por si
precisam do vento para reconstruir sua tragetória.
Por ora, desalojados de mim
teimam em reconstruir-se.
E eu cansada de tanto sonhar
quero libertá-los
livrá-los do meu peito
Receio que seja tarde.

domingo, 9 de maio de 2010

É preciso seduzir a vida para que ela lhe traga encantos...
... caso contrário, é uma mera sobrevivência!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Palavras


Há palavras que são insolúveis, metalizadas. Não há como aconchegá-las ao peito. Alfinetes que são, doem se ficam cristalizadas na gente. Doem e se transformam em feridas. Houve um tempo, que amarga com os sonhos que deixei de ter, andei guardando muitas delas, mas um dia resolvi jogá-las no tempo, curador de feridas, para que dissolvessem... flutuam, mas não mais dou-lhes o lugar que já foi tomado pelo encanto da palavra neta, primavera e paz. Ontem pensei nas palavras que obrigatoriamente devemos semear.Essas não podem ser contidas e quanto mais se doa, mais se tem. Correnteza.Descubro as palavras que ora são escritas nas folhas incolores ou nos sorrisos, outras são apenas lidas nas entrelinhas de cada alma. Na doçura do aprender tem também aquelas que mágicas, reveladas ou retiradas de repente de alguma cartola,como alegria e descobrir. Outras nascem na gente com o tempo...como saudade. Dizia que há palavras que são insolúveis e outras no entanto são solúveis demais, se misturam e se integram. Coexistem. Sustentar é uma delas. Conviver é outra. Há outras que monossílabas, desatam o nó do tempo, e circulam pelos nossos poros e veias..essas palavras o tempo não leva, têm livre acesso em nossas vidas, pois como alimento, são necessidade: pai, mãe, mão, pão...luz também. Algumas palavras jorram, outras presas são reféns do nosso orgulho ou medo. Outras delicadas, ficam explicitas nos olhos, nos beijos, no carinho. Existem palavras doces, cicatrizantes...outras duras, pedras que o vento não pode carregar, e vão construindo muros e muralhas capazes de isolar...preconceito é assim, pedra certeira. Hoje, depois de colecionar tantas palavras, alinhavá-las a mim ou permitir que se dissolvam ao tempo, penso, que algumas palavras criam o nosso rosto, o nosso jeito de ser...assim penso de você, quando te vejo dormindo como aquele menino que sempre morou em mim e leio: amor, confiança, cuidado e futuro.

sexta-feira, 30 de abril de 2010


Eu, ou quem sabe, a doce Dulcinéia esperando Rocinante chegar, bem ao lado de Don Quixote, um cavaleiro andante prá lá de de sonhador.

sábado, 13 de março de 2010

HORA DE ALÍVIO


Favor fechar a porta transparente aos ruídos da rua, meu coração precisa de tempo e silêncio...precisa velejar por águas rasas, voar rasteiro e muito alto, colhendo emoções.
Favor acreditar no que o silencio pede e adormecer na plumagem branca do sonho. Deixar de vez que a esperança, pena de pássaro que já voou por todos os cantos, possa chegar.
Favor fechar a porta e me deixar só por um instante, olhando o que mais me interessa nesta vida...a simplicidade de ser feliz, a morna maciez da sua boca-alimento.
Nada mais quero que muito silêncio rondando ao meu redor, com suas fitas e balairinas que dançam e entrelaçam o sossego. Quero também sons muito distante de trovões anunciando a chuva, chuva que tarda pelos caminhos azulados do céu e que eu feito planta tenho sede ampla de corpo e alma alimentados. Favor fechar também todas janelas, cortinas e fendas. Preciso da serenidade da penumbra, da vagarosidade dos reflexos, e, me nutrir assim das coisas que me faltam e que me falam aos sentidos.
Favor fechar as portas da fala, da audição. Favor trancar todos os choros nas gavetas vazias da saudade. Favor acomodar os sentimentos, as sensações e as verdades em lugares bem visíveis.
Favor florescer o vaso e expô-lo aos besouros.
Favor tirar as teias do ranso, atinar na alegria. Afinal, como depois da tempestade, também é hora de ver a vida se reconstruindo. Hora de afagar com alívio as mãos suaves que descosturaram ponto a ponto o bordado da manhã para colorir de azul as bordas da noite e sonhar.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Livros


Sem os livros somos sonhos sem cor.
Somos música sem melodia,
mudez plena.
Voo podado.
Soldado sem pátria.
Sem os livros somos nus.
Não por liberdade,
mas por pobreza absoluta.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Muito mais bonito


Nada me consta que seja verdadeiro este amor, no entanto se faz de poeta e me escreve contos limpos e poemas mornos que guardo em total carinho. Devolvo em sentimento nítido e também lhe faço versos que guardo com medo de ser pretenciosa. Emudeço.
Ontem não fui vê-lo. Furtiva e quieta, venenosa e calma, desapareci.
Pensa ser velho e só por isso me humilha. Justo eu, que sou tão antiga e frágil. Para ele sou sempre menina...mal me tira a blusa. E por pura defesa me despresa, me dispensa, me ignora e depois me quer fingindo não querer.
Tem medo de perder a cabeça então grita palavrões depois de resmungar as palavras mais lindas, doces e puras. Tem um ciúme incrível porque lhe represento a vida, a amizade, a flor que nasce no agora.
Quando desapareço, como hoje, quer saber o que fiz e
se afasta para melhor me ver com o olhar das certezas. Certifica e me olha com um olhar inteiro, medindo cada milímetro da minha altura.

Gosta de me ver tocando flauta. Canções de Lennon, canções antigas.
Faz festa com a certeza plena que me faz feliz. Pensa que vai me perder e se despede cedo. Tem medo de conversas secretas e falar sério é sinal de adeus.
Nada consta que eu seja importante, porém me faz acreditar nisso absolutamente. Obviamente. Doce mentira, pois adora me trair, sabotar...esquece sempre que é comigo que sente e sonha o futuro.
É presunçoso e egocêntrico, nivelou-me a todas por quem supõe ser amado.
Hoje ele esqueceu de fechar a porta e eu entrei mansamente como uma borboleta sem sombras.
Tirava de dentro do peito a muita tristeza que o combalia. Chorava.
Como um passarinho, inseguro do seu voo, ele estava ali.
E era tão bonito...muito mais bonito.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Ano Novo, sempre novo


Um toque macio na porta. Mãos macias vem me mostrar a estrela-nova, a claridade do ano que nasce na divisa da linha imaginária do tempo.
Como um envelope lacrado, que surpresas trará? O que estará reservado? Promessas de alegria, de luminosa expectativa, incandescente esperança.
Trará violetas, trigo, caldo-doce-de-cana, este ano que espera ansioso os ponteiros se casalarem?
Andei lendo que Júpiter trará cultura, alegria sem receio e doçura. Que trará também tempo bom para o plantio da esperança.
Que todos os pastores soltem suas ovelhas de maciez aquecida, que todos os sentinelas abram os portões esquecidos do receber eterno, que todas as luzes acendam e iluminem a escuresa do difícil repartir. Que todos os homens coloquem, na divisa exata do tempo que chega, a sua ferramenta do construir, que todos os fornos assem o pão da doçura que será multiplicado para sempre!
Que dos meus, dos seus e de todos os olhos possa brotar o verdadeiro enxergar, aquele que lindo, há de ser pleno.
Que eu, você e todos possamos abraçar sem medo o fundo de nossas almas e tocar com maciez e tolerância a flor aberta do amor.
Que todos possam dar com carinho absoluto a caixa-presente do futuro, nas condições de um caminhar que nunca se cansa.
Que por trás do colorido, todos possam descobrir o branco que precisamos para colorir de pureza os cansados de pedir por justiça.
Que antes de tocar os sinos, que eu, você e todos possamos tocar o hino que nos faz gigantes e acreditados. Que não haja reservas nenhuma e nem medo. Sim que não haja medo, por que ainda somos meninos diante da grandiosidade do tempo e do amor.
Que não mais exista segredos, desistentes e fracassados...porque a estrela grandiosa há de brilhar sobre todos com igual brilho. E por ser Ano Novo que tudo renasça, cresça e tome conta desta bola azul, que flutua nos cosmos.
Que da janela do querer, possamos ver uns aos outros desarmados, apenas munidos do que é necessário para viver em paz.

Seus carinhos


Ao toque de seus carinhos,
devolvo em mim, os sonhos perdidos.
Utilizo com cuidado as rendas que teci,
tão antigamente.
Não preciso das armaduras que aprendi ter cravadas,
e que adquiri para defender meu coração criança.
Não me falta nada do que fui.
De nada necessito.
Desejo apenas esse voo que me expõe,
e que deixa transparecer quem sou.
Ao toque do seu carinho,
me presenteio de odores de jasmim.
E não sei se desvencilho do meu corpo,
pois tomo leveza.
Tomo altura de onde vejo o por cima de nós.
Ao toque do seu carinho,
caminho pelos caminhos do céu,
e não reajo ao medo.
Não preciso saber se é sonho ou realidade,
o que me invade é um crer intenso,
que desconhece regras e limites.
Que não me castiga, apenas me liberta.
Ao toque dos seus carinhos.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

A bela e a fera


A vida,essa coisa boa que guarda segredos e saudades, essa transparência nos olhos, essa vontade de ser feliz, nada mais. Descobri que a vida é mais bela quando sei ler entre as palavras tanto quanto sei me banhar na luz que vem fundo de você. Que vem e me ilumina, garantindo meu deslocamento à um lugar que conheço pelo cheiro, pelo paladar...pelos ruídos...
As vezes me pego assim tecendo tapetes de lembranças, rendas de muita saudade, com muita vontade de enganar o tempo, quando temos a felicidade garantida teimamos em ser relapsos.
Felicidade é tão bom, aloja fácil. Camaleoa que é, serve para todos os tons desse colorido que é a vida. Felicidade... tão bom sentir que perdemos o rumo, divagamos tanto que esquecemos a possibilidade de perder o riso. Mas perdemos e ganhamos muitos outros, tornamos a perder a a achar outras vezes...mas o que é bom fica. Fica aqui para sempre. Fica neste espaço azul e macio que chamo de amor. Fica para garantir que a vida é essa coisa boa e generosa, que guarda caprichosamente risos e lágrimas. Nessa soma constante vou te guardando. Sombra e luz. Magia e realidade. Sonho e cor da aurora. Espada e meiguice. Mas te guardo também nas palavras perdidas que o tempo não foi capaz de envidraçar, nos sonhos que lavei de mim depois de recolhido o soluço. Na compreensão que a vida é boa, embora muitas vezes fera que nos ensina através de perdas e riscos, de danos e risos...linda quando traz o calmo da sua fala, a sonoridade do seu riso de para sempre menino, a finura aveludada de seus cabelos que estão se colorindo de branco.
E muito mais bela...porque vida, porque vinda de você!