sexta-feira, 16 de julho de 2010

O luar no azul,
teu olhar no luar
Chuva de estrelas,
e ao sentí-la, meu corpo nu
constela-se.
E dentro dos meus olhos
campos de violetas
descem em cascatas
do azul para o azu
l.
Sonhos azuis,
luz orvalhada,
neblina na serra...
e sua mão, ave emplumada
alça um voo de singular azul
que me leva ao céu,
caminho em luar..
flutuo mansa dentro do mar...

quinta-feira, 15 de julho de 2010

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Incertezas


Quando pensamos que com a idade madura nosso coração já sabe todos os fluxos do amor...pensamos e acreditamos. Melhor assim. Essa imunidade nos garante um alívio, como se tivéssemos livres de algo inevitável.
Quem me olha assim não sabe e pensa que já criei resistência às coisas que a vida oferece, tece a renda dos enganos...nada sei, nada aprendi.
Ainda tenho medo da morte, ou melhor, ainda tenho medo de viver outra vida que não seja essa que vivo a viver... partir como nave sem destino, rapidamente. Fico amedrontada com essa sensação de desprendimento, de rapto, de queda inevitável, interminável e vertical, como se fosse pássaro abatido quando ainda era preciso voar, voar..Tenho alguns apegos, que tolos, bordam o colorido da minha simples vida. São doçuras que meu coração precisa sentir, e isso para se ter é preciso amar demais a vida...coisas simples...madrugada com lua, sol no horizonte, a ponte do arco-íris, estrelas e beijos colhidos no céu da boca, vestido antigo e fotos igualmente antigas, canto de passarinho na janela anunciando que meu pai vive também fora da minha saudade.Outras coisas mais amadas ainda como reconhecer na neta o mesmo hálito doce do filho querido, os mesmos olhos amorosos que me olhavam no passado e me fazia menina a brincar no tapete, a mesma mão que acarinha desenhando golfinhos e conchas, violetas e prímulas entre meu ombro e o coração.O verdume dos olhos de minha mãe, a chuva que salpica o jardim num spray de esperança, o caminho de volta pra casa, que é sempre o melhor caminho. Quando pensamos que já sabemos tudo vem uma perturbadora vontade de saber mais, de criar atalhos entre o que foi e o que será, tudo porque um coração maduro é capaz de perdoar coisas que jamais poderíamos admitir, é capaz de retirar do peito todas as espadas e confiar na meiguice de um único olhar, é capaz de costurar feridas que nunca cicatrizaram para que não haja mais lembranças difíceis...um coração assim como meu, precisa ter mais espaço para tudo que foi lindo, por isso inevitavelmente depois de tantos anos não poderia guardar pedras em lugar de musgos azuis. Penso que tenho que resolver situações que pensei estarem resolvidas, penso que já é tempo de solucionar sonhos...ando tão frágil e estranha...mas ainda tenho minhas mãos atadas. Sinto ser necessário fazer alguma coisa para que meu coração se alivie e acredite que, cerquei palmo a palmo todas as incertezas, que revirei as terras das floreiras e plantei novamente margaridas para a próxima primavera, que ouvi as músicas que me põem saudades no peito com o fino propósito de testar o quanto sou ainda capaz de te querer, que pude aprender e reaprender a me reconstruir... que não estive aqui a olhar tudo como se fosse óbvio cada detalhe. Não! Eu quis viver... Oras, não me perturba tanto o barulho, como me perturba o silêncio. Esse silêncio que antecede os acontecimentos. Como ele é comprido e costura o meu peito com grossas linhas escuras. Como ele pesa e me sufoca. Mas eu estava dizendo que ainda tenho medo da morte...será?

Vontade de ser feliz


Acho que sempre serei essa colecionadora de bons momentos. Apenas isso, bons e inesquecíveis momentos. Aliás a vida seria vida se de outra forma?...e no quadro de vidro guardamos com saudades as asas desta borboleta que já não voa, mas que linda só por estar ali. Igual perfeição e cor, na fina película do querer. No meu quadro também guardo o azul aveludado das asas dos bons momentos. Guardo você, mistura de arco-íris e mar. Doçura e carinho. Não posso dizer que este é o meu melhor momento, pois depois de muito aprender descobri que o bom momento é justo aquele que se segue ao descobrimento. É aquele instante que somos tão somente aquilo que queremos ser e os sonhos que queremos ter. Este momento talvez inexista...éramos tão meninos e nada sabíamos da grandeza do tempo e da profundidade da dor. Mas houve prazer, estrelas palatinas, sois inundando de luz o lado de dentro do meu coração imaturo, inseguro e criança. O que dizer dos momentos seguintes? Dormência, mudez, pura necessidade de existir. Inevitável existir nas asas das borboletas do quadro transparente. Colecionar o passado é bom. Borboleta multicolor e felicidade. Infinito e belo instante, na transparência do vidro. E te olho como quem te vê por detrás dos óculos e não percebe quanto tempo passou. Beleza explícita, espetáculo que o amor produz na alma. No começo desta semana andei descalça. Sentinela que sou, vi tudo... vi e por isso te guardo como amor puro e denso que me é. Porque te dei o peito aberto e boas vindas e as cortinas transparentes dos meus olhos se arredaram para me mostrar a beleza de uma paisagem única e por isso mesmo a mais bela. Hoje te fecho momento e te aprisiono fora e dentro de mim. Macio-macio, porta-jóias, caixinha de música e fina vontade de ser feliz.