quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Quando...


Quando eu estiver antiga, repleta de muito conhecer e acreditar...quando meu paladar já não sentir o gosto bom da vida. Quando for futuro. Futuro de mim e de tudo que sou...quando eu estiver antiga, tão antiga e a saudade me encher de um veludo igualmente antigo, partirei para a minha estrela querida.
A minha estrela é um lugar de silêncio, não é necessário falar. Lá sabem, por amor ou instinto o que a palavra faz quando soa. Lá a semeadura das flores é o vento que faz, os homens são fartos de pão e de sonho e não há dor alguma...o dar e o receber é espontâneo.
No meu mundo o clima é ameno, embora faça um outro sol. A lua é sempre cheia, redonda e próxima.
Quando a saudade é muita e vem doer meu peito criança demais para entender certas coisas, desejo ganhar tempo e partir. Quando vejo crianças, campos floridos de margaridas e ouço principalmente música, a saudade vem fina, lança que é, entra em mim.
Então eu me perco em pensamentos tecidos de espumas e vejo a luz úmida que brilha em seus olhos, quando tenho minhas mão no morno das suas, me vem um medo enorme de partir...coisa que sei, inevitavelmente acontecerá, quando tudo em mim for antigo. Então abrirei meu voo e partirei já sentindo saudade.
Levantarei minhas asas invisíveis, guardarei meu coração num canto, bem próximo do alcance de suas mãos. Deixarei por aqui minha varanda, o vento, os meus sonhos e a doçura fina e morna do seu jeito de menino que me cativou para sempre e me fez cativa por este longo tempo.
Para chegar a minha estrela não é preciso naves, espaçonaves ou força. Basta conhecer o segredo do caminho e de tão antigo ser verdadeiramente novo...e permanecer encasulado no espaço que o amor se oferece entre o ter e o doar. É aí que a disponibilidade se abre porque existe o direito e a vontade de viver eternamente.

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